30 August 2006

Vamos acabar com as Notas

Damos notas a hotéis, a videogames e a tipos de café. Mas faz sentido dar notas a seres humanos como fazem as escolas e nossas universidades? Ninguém dá a Beethoven ou à Quinta Sinfonia uma nota como 6.8, por exemplo.
O que significa dar uma "nota" a um ser humano? Que naquele momento da prova, ele sabia x% de tudo o que os professores gostariam que ele soubesse da matéria. Mas saber "algo" significa alguma coisa hoje em dia? Significa que você criará "algo" no futuro? Que você será capaz de resolver os inúmeros problemas que terá na vida? Que será capaz de resolver os problemas desta nação?
É possível medir a capacidade criativa de um aluno? Quantos alunos tiraram nota zero justamente porque foram criativos ou criativos demais? Por isso, não damos notas a Beethoven nem a Picasso, não há como medir criatividade.
Muitos vão argumentar que o problema é somente aperfeiçoar e melhorar o sistema de notas, que obviamente não é perfeito e as suas falhas precisam ser corrigidas.
Mas e se, em vez disso, abolíssemos o conceito de notas? Na vida real, ninguém nos dará notas a cada prova ou semestre. Você só perceberá que não está sendo promovido, que as pessoas não retornam mais seus telefonemas ou que você não está mais agradando.
Aliás, saber se você está agradando ou não é justamente uma competência que todo mundo deveria aprender para poder ter um mínimo de desconfiômetro. Ou seja, deveríamos ensinar a auto-avaliação. Com os alunos se auto-avaliando, dar notas seria contraproducente. Não ensinamos a técnica de auto-avaliação, tanto é que inúmeros profissionais não estão agradando nem um pouco como professores e, mesmo assim, se acham no direito de dar notas a um aluno.
O sistema de "dar" notas está tão enraizado no nosso sistema educacional que nem percebemos mais suas nefastas conseqüências. Muitos alunos estudam para tirar boas "notas", não para aprender o que é importante na vida. Depois de formados, entram em depressão pois não entendem por que não arrumam um emprego apesar de terem tido excelentes "notas" na faculdade. Foram enganados e induzidos a pensar que o objetivo da educação é passar de ano, tirar nota 5 ou 7, o mínimo necessário.
Ninguém estuda mais pelo amor ao estudo, mas pelas cenouras que colocamos na sua frente. Ou seja, as "notas" de fim de ano. Educamos pelo método da pressão e punição. Quando adultos, esses jovens continuarão no mesmo padrão. Só trabalharão pelo salário, não pela profissão.
Se o seu filho não quer estudar, não o force. Simplesmente corte a mesada e o obrigue a trabalhar. Ele logo descobrirá que só sabe ser menino de recados. Depois de dois anos no batente ele terá uma enorme vontade de estudar. Não para obter notas boas, mas para ter uma boa profissão.
Robert M. Pirsig, o autor do livro Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas, testou essa idéia em sala de aula e, para sua surpresa, os alunos que mais reclamaram foram os do fundão. São os piores alunos que querem notas e provas de fim de ano. Os melhores alunos já sabem que passaram de ano, muitos nem se dão ao trabalho de buscar o diploma.
Sem notas, os piores alunos seriam obrigados a estudar, não poderiam mais colar nas provas e se auto-enganar. Provas não provam nada, o desempenho futuro na vida é que é o teste final.
Imaginem um sistema geral de auto-avaliação em que os alunos não mais estudariam para as provas, mas estudariam para ser úteis na vida. Imaginem um sistema educacional em que a maioria dos alunos não esqueceria tudo o que aprendeu no 1º ano, mas, pelo contrário, se lembraria de tudo o que é necessário para sempre.
Criaríamos um sistema educacional em que o aluno descobriria que não é o professor que tem de dar notas, é o próprio aluno. Todo mês, todo dia, todo semestre, pelo resto de sua vida.

Stephen Kanitz é administrador por Harvard (www.kanitz.com.br)

Editora Abril, Revista Veja, edição 1955, ano 39, nº 18, 10 de maio de 2006, página 36

23 August 2006

Felicidade eterna ...

Felicidade.
Direito,
dever,
obrigação.

Felicidade
calma,
serena,
plena.

Felicidade,
cara,
barata.
Não importa,
paga-se o preço necessário.

É remedio,
genero de primeira necessidade.

Fogo, não, borralho, não.
Brasa.
Aquece,
conserva,
conforta,
eterniza.

Felicidade,
tarefa de vida que nos cabe neste latifundio.

14 August 2006

Vota, vota, minha gente

Votei no Pedro.
Deu na Globo,
virou mensaleiro e sanguessuga.
Errei de novo.

Da charrete a internet, tudo muda.
Na política, não.
Promessas gritadas, repetidas, berradas, musicadas, marteladas, rimadas, até virarem verdades.
Tudo vai mudar,
mais progresso, honestidade, trabalho,
muito mais salário, emprego,
casa, asfalto, energia, saúde, educação.
Esse é bom,
vote certo,
não vote errado.
No mercadão da mentira, escolha a verdade,
acredite e vote certo.

Ingenuidade, analfabetismo, banditismo, mau-caratismo, populismo tosco, manipuladores-da-fé-alheia.
Fora a esses candidatos e eleitores.

11 August 2006

Para presidente

programa de governo:

09 August 2006

Para quem não me conhece

Sou um cidadão.
Na ordem natural das coisas, estou logo depois das autoridades, todas,
dos políticos, todos,
dos militares, todos,
dos pastores, todos
dos bandidos armados, todos
dos que falam alto, todos,
dos que não me dão atenção, todos.
Todos.

08 August 2006

Embriague-se

Baudelaire recomendava aos seus leitores que se embriagassem, de vinho, poesia ou virtude, para não sentir “o fardo horrível do Tempo”.

07 August 2006

Fazer o quê, abre uma gelada

De novo, vou votar.
Pouco tem adiantado.
Quando acerto,
meu vizinho erra feio.
Os acertos se perdem nos erros.
Quase só sobra erros.

Onde estão os homens bons.
Se dentro da urna só tem coisa ruim.
Onde estão os bons.
Apertando botões.

Se dentro da caixinha só tem coisa ruim,
como escolher a coisa boa.
Escolher a menos pior.

É o que temos feito.
Não tem dado certo.
Pior, vem dando cada vez mais errado.

Anular, votar em branco, ficar em casa.
Não adianta, nesse filme o bandido ganha sempre.

Para mudar o fim,
tem de mudar o meio,
o começo
o inicio,
a origem
o homem.

Mentecaptos no comando

Nietzsche,
Van Gogh,
Fernando Pessoa.
Loucos,
solitários,
intensos,
cerebrais,
febris,
doentes,
eternos,
genios.

Reis,
Czares,
Imperadores.
Senhores absolutos.
Poder de morte.
Elite.
Direita
Opulencia.
Assasssinatos.
Opressão.

Stalin, Mao.
Senhores absolutos,
Poder de morte.
Elite.
Esquerda.
Opulencia.
Assasssinatos.
Opressão.

Deus, Cristo, Ala, ideias puras, sublimes, alcançáveis pelos eleitos, puros, obreiros.
Espada, sangue, canhão, sangue, mentiras, sangue, 1000, sangue, 2000, sangue, anos, sangue, tempo, sangue, promessas, sangue, morte.

Povo.
Palhaço.
Acorda.

Era do gelo 3

Assim caminha a humaniade para a eternidade:
"O “Courrier International” informa que os preços do “congelamento post mortem” estão caindo. Aquele desejo de ser congelado para “voltar à vida” no futuro – quando, hipoteticamente, a medicina e tecnologia estariam habilitadas para tanto – não está agora acessível apenas aos endinheirados excêntricos. Os leitores excêntricos de classe média já podem ir juntando o seus caraminguás.
Nos EUA, o preço desse procedimento pode chegar a US$ 150 mil, na Alcor, que já tem mais de 700 “fregueses”. Esse preço é para preservar o corpo inteiro. Para “neuropreservação”, caso em que o pacote só cobre o cérebro, o preço cai para US$ 80 mil.
Mas agora surgiu uma versão mais barata desse último procedimento. Uma empresa em Moscou oferece seus préstimos por US$ 9 mil. Tecnologia russa… Alguém se arrisca?"
Deu no http://nonsense.nominimo.com.br/